Hoje, eu não estava em um dia bom – sono, cansaço, rotina. Amiga veio em casa e me animou. Logo depois, uma amiga de longe me telefonou e passamos muito tempo conversando.
Sabe, posso não ter sorte em muitas coisas, mas quanto às amizades… tenho, sim. Minhas amigas são incríveis.
A maioria é muito diferente uma da outra. Acho que não tenho duas amigas que sejam muito parecidas.
Tem aquela que me conheceu no catecismo e não se esquece da minha botinha de plástico e minha saia de coraçõezinhos. Tem algumas que brigavam muito comigo na escola – até levei flautada. Tem aquelas que não brigavam comigo na escola e aquelas companheiras de todas as revoltas da adolescência e de todas as apresentações teatrais. Tem a professora de inglês, mais nova do que eu, mas que estava lendo O mundo de Sofia, aos 15 anos, quando nos conhecemos. Tem aquelas amigas que viram uma moleca entrar na faculdade, cheia de argumentos e achando que sabia alguma coisa. Tem aquelas que conheci depois de adulta, na casa de um amigo, no prédio em que morava, ou moro, no clube e que pareço conhecer desde sempre. Tem aquelas que eram amigas de amigas, namoradas de amigos, amigas do marido e que se tornaram minhas amigas.
As que já casaram. As que vão casar. As que não podem nem escutar essa palavra. As que têm filhos, as que querem engravidar, as que acham os filhos das amigas lindos, mas, não, obrigada. Amigas que se arrumam todos os dias, amigas que nunca se arrumam. Amigas que trabalham fora, amigas que trabalham em casa. Fizeram carreira acadêmica – tem até aquela que foi morar fora e aquela que chegou onde ninguém diria que ela iria chegar. Não fizeram carreira acadêmica, vendem até palha pegando fogo, não vendem nada, trabalham muito. Tímidas, extrovertidas, tagarelas, quietas, sorridentes, sérias, cheias de segredos, livros-abertos, felizes, tentando mudar, mudando, guerreiras – todas.
Tenho várias amigas mesmo. Todas diferentes, todas especiais.
Algumas estão muito, muito longe. Outras, longe. Algumas, bem pertinho.
Amigas, sei que não telefono muito. Sei que nunca escrevo emails e que deveria, pelo menos, deixar uma mensagem no FB ou pelo celular.
Amigas, perdoem-me. Poderia usar como desculpa o dia corrido, as crianças, a casa, a distância. Mas não posso, não é desculpa. Posso dizer que, apesar desse meu jeito desnaturado, eu lembro sempre de vocês.
Lembro quando acordo, pois sei como algumas acordam. Lembro quando penteio o cabelo, quando cuido dos filhotes, quando faço comida, quando olho fotos, quando penso na vida. Todas vocês estão, de certo modo, dentro da minha rotina. Lembro quando leio um livro, ao assistir uma série, um filme, quando escuto uma música.
Música.
Enya (!). Dance da década de 90. Nirvana. Green Day. “Wish you were here”. Legião. “Um dia perfeito”. Grande Encontro. Djavan. Cirque Du Soleil. Engenheiros. Raul, Mamonas (!), Chico Buarque. Sonic Youth (que não conheço, mas amo a amiga que ama). Milton. Adele. Trilha sonora infantil. Adriana Partimpim.
Amigas, amo muito vocês e sinto muito sua falta.
Algumas, eu sei que nunca mais vou conviver de pertinho como eu gostaria. Outras, nos veremos mais. Muitas, verei apenas em um fim-de-semana ou outro. A vida nos leva para longe. Ainda assim, continuo levando-as comigo. Continuo guardando dentro de mim todas as nossas risadas, todos os micos que vocês presenciaram em minha vida, todas as nossas conversas profundas, as nossas lágrimas, os nossos desentendimentos, as nossas histórias.
Ai, como dói de saudade. E, ai, como eu gostaria que estivéssemos mais perto.
Amigas, irmãs, obrigada por tudo, sempre. Eu seria muito pouco ou muito menos se não tivesse tido a sorte de encontrá-las.
Às minhas amigas, com todo meu amor.
(Colocarei aqui um vídeo que, sim, é um clichê. Mas é um belo clichê em uma bela voz, com uma bela mensagem.)
“Pois, seja o que vier,
venha o que vier,
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.”