Festa de aniversário: Piquenique da Chapeuzinho Vermelho

Quem me acompanha há algum tempo, sabe que eu gosto de festas de aniversário feitas em casa, com tudo simples e divertido para as crianças, aqui tem uma festa de pirata e aqui, uma de Balão de Arco-íris. Também sabe que sou um pouco exagerada ou controladora demais e gosto de preparar cada detalhe da festa.

Esse ano, resolvi fazer algo diferente no aniversário de 2 anos de minha pequena: um piquenique! Primeiro, porque fui uma vez a um parque e fiquei encantada com um pessoal fazendo uma festa por lá; segundo, porque estávamos de mudança e na semana seguinte, viajaríamos, então, quanto mais simples e mais prático, melhor.

Sinceramente? Foi a melhor festa que já fiz… foi muito, muito legal! Dá trabalho? Dá, principalmente para deslocar todas as coisas até o lugar do piquenique. Você não tem a vantagem do buffet ou dos garçons para servir as pessoas. Mas, sinceramente, é tão mais livre, mais informal, menos consumista, muito mais barata e bem mais alegre… as crianças brincando, correndo, todos comendo à vontade em cima daquela toalha xadrez… Foi a festa em que eu mais relaxei e pude curtir com os pequenos – porque, em todas as outras, eu ficava preocupada em servir as pessoas, em ver se havia suco na jarra, cerveja gelada, comida nos pratos, sem conseguir sentar.

Infelizmente, a maioria do pessoal da sala da minha pequena não foi. Como também era a festa de despedida da nossa família, pudemos contar com amigos muito especiais (mas sobrou muita, mas muita comida, porque vários tinham garantido que iam).

Escolhemos um parque em que a área para piquenique ficava ao lado do parquinho – o que facilitou muito, assim não precisávamos ficar nos deslocando no parque para ver os pequenos brincando. Marcamos para as 10 horas da manhã, um horário que, eu sei, pode ser difícil para as crianças dessa idade, mas que imaginei poder ser um “brunch”, mais cedo seria cruel, mais tarde não teríamos muito tempo, porque o parque fecha às 17h.

Outra coisa que gostei é que não teve bebida alcoólica, pois seu consumo é proibido nesse parque. Tudo bem, todas as nossas festas anteriores tinham (a meu contragosto), mas é que acho que festa de criança é para elas e não para os adultos. A cerveja, além de encarecer muito, parece fazer com que os adultos se divirtam em função da bebida e não da festa – ou das crianças – em si. Sei lá…

Tá bom. Chega de blá, blá, blá e vamos às fotchinhas…

Convites

Fiz os convitinhos com papel de scrap. Passei dias bolando, tendo ideias, montei todos. Terminei. Olhei e perguntei: “Gentemmm, cadê a Chapeuzinho?”. Ela foi pra dentro do convite, oras! Surpresa! 😉

Meu filho ajudou a fazer os convites da sala dele: recortou menininhas, colou as florzinhas, colou adesivos… e as crianças adoraram a ideia (do Cauê) da cesta abrir e ter um docinho dentro!

Os convitinhos

Bolo

Não existe “mesa do bolo” em um piquenique, né?, mas improvisei algo do tipo em uma das mesinhas do lugar. Para o bolo, usei a receita do ano passado de chocolate – que não tem como errar – e cobri com a pasta americana. Mas preciso confessar algo: não sei trabalhar com pasta americana. Esta, foi minha segunda erro tentativa. Meu plano era trançar o branco com verde para imitar uma toalha de piquenique. A realidade: quando terminei de fazer a bela toalha e fui colocá-la em cima do bolo, tudo se desmanchou e ficou horrível. Fiquei irritada, amassei tudo junto e transformei na grama do piquenique. Ó, senhor, como esconder esse bolo horroroso? Ah, Sofia, (disse eu para eu mesma) pega aquela sobra de tecido xadrez, faz um mini-bolo e coloca a boneca da Chapeuzinho em cima! Voilà!

 

Decoração do bolo e da mesa do bolo

Chapeuzinho Vermelho

Como a Catarina a-ma a Chapeuzinho Vermelho – e foi por isso que escolhemos esse tema – pensei que ela gostaria de uma fantasia. Costurei uma capa e uma saia especialmente para ela. Ficaram lindas, modéstia à parte; mas, como filho é um ser que serve para contrariar a mãe, ela não pôs a capa e ficou pouco tempo com a saia…

 

Roupinha da Chapeuzinho.

Cestinhas

Para entregar para as crianças, quis fazer uma cestinha que misturasse a ideia do piquenique com a Chapeuzinho, então, fiz uma cesta cheia de doces da vovozinha, com pé-de-moleque, bananinha, paçoca e coisas assim. Amei fazer as cestas!!! Foi o meu Peter Pan que as distribuiu na festa (vocês viram que esse piquenique estava cheio de personagens, né?).

 

Meu Peter Pan entregando as cestinhas que a Chapeuzinho levou para a vovózinha…

 

Lembrancinhas

Eu tentei fazer pequenos rostinho de chapeuzinho para entregar de lembrancinha, mas não deu tempo de eu terminar tudo, já que, como contei, eu estava preparando a mudança também!!!

 

As lembrancinhas que não foram… 😦

 

Mais cenas do piquenique!

Todo o ambiente do piquenique.

As brincadeiras

O momento do parabéns!

 

Espero que tenham gostado da festa tanto quanto nós!!! Se precisarem de qualquer dica ou ajuda, me escrevam.

Feliz dia para a mulher dos outros, pra minha, não.

O que tenho a dizer nesse 8 de março:
Que é fácil dizer “Feliz Dia das Mulheres”, todo mundo sabe.
É fácil defender “as mulheres”, difícil é reconhecer isso naquelas que estão ao seu redor.
Deixar de ser o cara acomodado que espera a esposa dizer o que tem que ser feito para a casa ficar arrumada, não.
Falar de modo respeitoso sobre as mulheres que o rodeiam – as íntimas e as desconhecidas, não.
Promover uma mulher no trabalho, mesmo que ela tenha filhos, não.
Deixar de achar que todas as coisas ligadas ao cuidado do corpo são obrigações femininas, não.
Faltar ao trabalho para ficar cuidando do filho, ao invés de atribuir isso à mulher, não.
Não dividir as mulheres entre “comíveis” e “casáveis”, quase impossível.
É fácil defender “as mulheres”. Difícil é mudar o comportamento machista que nos rodeia no cotidiano.
É educar seus filhos para que sejam companheiros, parceiros, e não mero “ajudantes”. É educar suas filhas para que sejam livres em suas escolhas – da roupa à sexualidade, passando pela questão do casamento e da vontade de parir.
É entender que ao ofender, rebaixar, humilhar uma mulher que depende de você, você a faz se sentir o pior dos seres humanos. E me desculpem, homens, mas não é o mesmo para vocês.
Dizer que somos delicadas, para esconder que somos “fracas”, dizer que devemos nos preocupar mais com nossas aparência para manter o casamento, depois nos chamando de fúteis.
Deixar de correr, de ter “medo” de mulheres que são inteligentes, empoderadas, conscientes de si e donas de seu corpo. Deixar de julgar aquelas que estão além daqueles que são machistas e dominados.
Que as pessoas tomem consciência de que ainda há muitas e muitas mulheres que são abusadas, violentadas e mortas por causa de seu machismo ridículo. E quem bate, quem ofende, quem massacra são pessoas que também tem FB, que também compartilham foto de “feliz dia das mulheres” e que são incapazes de enxergar sua PRÓPRIA esposa como digna de recebimento deste mesmo trato dado às outras.
Não desejo feliz dia das mulheres. Desejo um Despertar da consciência sobre as condições das mulheres. e ponto.

Um estranho no próprio ninho

– Ou “O meu problema com os posers”

Não dá para dizer que sou totalmente rock’n roll, porque sou bem eclética – da música clássica à MPB, passando por todo tipo de música estranha de vários lugares do mundo, chegando ao jazz antigo, ao blues e, finalmente, ao rock’n roll. Talvez por isso, o termo poser não seja tão adequado. Mas vamos ao que interessa.

Se há um lugar em que sempre me senti bem são os alternativos – ambientes em que toca rock, principalmente. Quem acompanha meu blog sabe o quanto eu tenho dificuldade em ser alguém que está sempre linda, escovada, maquiada, soberana. Por causa disso, sempre que vou a ambientes em que as mulheres estão muito bem arrumadas, me sinto mal. Há uma voz interior que me hostiliza o tempo todo, fazendo com que eu me sinta a pessoa mais feia e deslocada da face do planeta. Por isso, enfatizo, sempre me senti bem em ambientes mais alternativos – parece que ninguém está ali para julgar se você está maravilhosamente bem vestida ou se é uma gata, gostosa que chama atenção do alto do seu salto alto.

Já faz algum tempo que venho percebendo nesses ambientes – antigamente, mais fechados àqueles que realmente gostavam de rock – uma “invasão” de pessoas – principalmente, mulheres – que não parecem pertencer a esses lugares. Eu chamo essas pessoas de posers, mas sei que não é o termo exato. Hoje, especificamente, fui a um pub irlandês e me deparei com dezenas de mulheres tão arrumadas, tão engomadas, que me senti um estranho no próprio ninho. Saí de casa tão animada para ir a um ambiente considerado tão “meu” que, quando lá cheguei e me deparei com pessoas diferentes, fiquei muito, muito incomodada.

No início, sofri. Depois, desencanei e resolvi curtir a noite com meu marido – eu estava lá para ser feliz, afinal de contas. Entretanto, me dei conta de várias coisas entre a etapa do sofrimento, querendo esganar aquelas mulheres, e ser feliz e curtir cada música da banda que tocava.

Quando percebi que eu não estava ali para competir com nenhuma delas, já que estava com o amado, comemorando aniversário de casamento, e elas estavam ali na caça, procurando justamente o que eu já tinha, fiquei mais tranquila. Daí percebi algo sinistro: o problema não eram os posers – o problema era eu.

Com que direito eu tomo aquele lugar como meu? Será mesmo que, justo eu, que defendo a liberdade individual, a pluralidade, tenho que pensar assim? Por que outras pessoas, diferentes de mim, não podem frequentar os lugares que querem só porque eu tenho uma visão de mundo diferente? É difícil inclusive escrever sobre isso, porque elas realmente me incomodam. Mas, seguindo a linha de raciocínio que defendo tanto, essas pessoas têm tanto direito de estar ali quanto eu. Aí, elas deixam de ser um problema e quem passa a sê-lo sou eu, porque me torno preconceituosa e ajo com a mesma xenofobia quanto alguns países estrangeiros.

Se eu tenho inveja dessas pessoas, se eu tenho problemas de auto-estima, se não consigo me sentir bem comigo mesma, isso não pode ser justificativa para eu ser tão hostil com o outro. Até porque são atitudes assim em que aparecem a homofobia, o preconceito, o racismo, os conflitos religiosos – a gente tira do outro o direito de ser quem ele é, justamente por serem distintos de nós.

Quando me dei conta disso, fiquei mais tranquila. Não importa quem estava lá. Não importa se eram roqueiros ou pessoas em busca de diversão em um lugar bacana. Não importa. Elas que sejam felizes, do jeito que quiserem. Eu precisava (e preciso) ser feliz com quem eu sou, onde estiver, independente de quem esteja por ali. Justamente para eu não ser mais uma nessa multidão tão extremista e faccionária que existe por aí.

Da dificuldade em encontrar uma escola

Passei as últimas semanas procurando escola para minhas crianças. Que coisa, viu?!

Como eu já escrevi aqui, em “Como escolho a escola dos meus filhos”, sou muito exigente.

Mudamos de cidade recentemente, tinha a expectativa de colocá-los em uma Waldorf daqui, mas não há vaga para nenhum dos dois pequenos. Depois que saiu a resposta de que eles não a frequentariam, passei um tempo enrolando para começar a procura – estava com preguiça de visitar dezenas de escolas que – eu já sabia – não ia gostar.

Dito e feito. Quando fui conhecer as escolas do bairro, comecei a sofrer. Muito pequenas, muito cheias de concreto. Propostas pedagógicas não muito claras, crianças sentadas assistindo aos Backyardigans, lanches com guloseimas “inocentes” (como biscoitos), músicas nada enriquecedoras. Apostilas para crianças de 5 anos, salas escuras, escolas “higienistas” demais. Escolas perfeitas, com mensalidades de R$3.400,00 (já sei onde os ricos estudam).

Nenhuma me deixava tranquila. Nenhuma fazia eu me sentir segura. Como eu precisava decidir logo, fiquei pensando se eu matriculava-os na “menos pior” ou se continuava minha busca. Depois de mais uma manhã frustrada, resolvi deitar e meditar um pouco. Decidi seguir minha intuição e continuar a busca. E aí, eu encontrei uma que atende às minhas expectativas: muito, muito verde, muita terra, muita areia, muitos bichos, arte livre, proposta coerente, sem “dia do brinquedo”, sem festa de aniversário consumista, uma mensalidade que cabe nos nossos bolsos. Matriculei os pequenos e fiquei tranquila. As crianças adoraram e já começaram a ir.

Ontem, conversava com uma amiga que está passando exatamente por isso. Ela é pedagoga e está em busca da escola do seu único filho de 2 anos. Assim como eu, ela não está satisfeita com nada do que viu, mas acabou desistindo e o matriculou na “menos pior”. Incomodada, ela me falava de como não está segura da decisão que tomou.

Acho que a escolha da escola é algo muito, muito importante. Não só para os filhos, mas, principalmente, para os pais. Se a escola não for uma extensão da casa, a convivência, a troca será muito difícil.

Os primeiros dias dos nossos filhos na escola são, particularmente, os mais complicados. As crianças, geralmente, tiram de letra. Enquanto isso, na sala reservada aos pais da adaptação, pais e mães sofrem e choram com esse corte do cordão umbilical. Você finalmente decidiu confiar a outrem os cuidados de seu pequeno. Se não for alguém que segue o seu estilo de maternar, esse processo vai doer ainda mais, porque, mesmo que seja a pessoa mais “ideal” do mundo, a gente sempre fica com o coração na mão ao ver os pequenos tão distantes de nós. Se não estamos tranquilas, não há como passar esse sentimento para os filhos.

Por isso, acredito que seja tão importante encontrarmos um lugar que nos faz sentir tranquilos e confiantes. Como disse no texto citado lá em cima, temos que fazer muitas, muitas perguntas. Temos que olhar toda a escola. É bom que vejamos como a escola funciona quando há alunos. E é bom lembrar que, por mais bacana que seja, nenhuma escola será ideal, atenderá a todas as nossas expectativas. Acho que fazer uma lista do que não é aceitável e do que é negociável nos ajuda a não nos perder.

Sabe, por fim, fiquei muito feliz por ter seguido minha intuição. Vi as crianças felizes e me senti segura.

O dragão nosso de cada dia

Resolvemos comprar um lindo cachorrinho. Ou melhor, cachorrinha. Mas essa história começou muito antes de tomarmos essa decisão.

Meu filho mais velho, com praticamente 6 anos, se interessou pela história de São Jorge, assistindo ao Sítio do Pica Pau Amarelo e escutando a música do Seu Jorge. Expliquei para ele a lenda e, principalmente, o significado: todos os dias enfrentamos um dragão. Com isso, passamos a nos perguntar, à noite, antes de dormir, qual tinha sido o dragão que enfrentamos naquele dia: dividir brinquedos com a irmã, lavar a louça, machucar o dedinho, levantar cedo, ter paciência, etc.

Eu não sou muito fã de cachorro, sou mais adepta aos gatos. Ainda assim, brinco, faço carinho, respeito-o quando encontro um e sempre incentivei isso nos meus filhos. Mas meu filho desenvolveu um verdadeiro pavor aos cães: morre de medo, tanto que nem pôr a mão em filhote ele conseguia. Já faz tempo que isso me incomoda, principalmente, quando ele dizia  a alguém “não gosto de cachorros”. A solução que encontramos foi ter um cachorro.

A nossa LINDA e fofa bola de pelo, Lola

No princípio, ele não gostou da ideia. Aí mostrei foto de filhotinhos e tudo mudou: começou a curtir a ideia, passamos a visitar pet shops que tinham filhotes para que nos acostumássemos com a ideia e, três dias atrás, compramos uma pequena Shih Tzu, nomeada de Lola. Na loja, ele não queria pôr a mão. Em casa, pôs a mão, brincou, estava empolgadíssimo. Ontem, segundo dia, a coisa mudou. Ele voltou a ter medo, punha a mão, mas não estava cheio de amizades. Precisamos conversar.

Nesta conversa, falamos sobre os nossos medos, as nossas dificuldades, sobre como as enfrentamos, sobre coragem e covardia. Esse é o seu dragão, não do dia, mas acredito que da semana: enfrentar seu medo de cachorro.

A pequena Lola tem nos divertido e ensinado muito também. Uma pequena bola de pelo, fofa e deliciosa. (Peraí que vou lá limpar um xixi e já volto)

O que faltou explicar para meu pequeno guerreiro é que o dragão que eu mais enfrento todos os dias sou eu mesma, algo muito complexo para uma criança de 6 anos…

Uma questão de escolha

É preciso fazer diferença no mundo, sabe. Sempre disse isso para meus alunos e, agora, digo para meus filhos.

Não precisamos ganhar o Nobel da Paz, nem nome de rua, nem homenagem silenciosa no Jornal Nacional quando morrermos. Mas precisamos fazer diferença suficiente para ganhar algo como “esse ajudou o mundo ao seu redor” na lápide, algo que mostre o quanto a vida valeu a pena.

Tantos nascem, tantos existem, milhões e milhões de pessoas passam pela vida. Quantos realmente ajudam o mundo ao seu redor a ser diferente? Quantos torcem pelo crescimento de quem está perto? Quem ajuda os filhos a crescerem pessoas do bem e da paz? Quantos se lembram de, ao menos, serem educados com conhecidos e desconhecidos? Que diferença fazemos para quem está perto de nós?

É bem óbvio que ninguém é insubstituível, mas será que, quando formos embora, as pessoas sentirão falta da nossa alegria, da nossa paz, do nosso carinho? Quanto custa isso? Quanto custa mudarmos de uma postura de reclamação em relação a tudo para algo mais ativo, mais feliz, mais acolhedor? Será que realmente vale a pena ser só mais uma boca silenciosa e amarga neste mundo?

É preciso fazer a diferença, fazer diferente. É preciso querer mudar, crescer, amar, envolver-se, conscientizar-se de nossa verdadeira natureza. É preciso ser mais feliz, necessitar menos, oferecer mais, abrir o peito, emocionar-se mais, ser mais zeloso com quem está por perto. É preciso aproveitar a oportunidade para ser aquele que faz o outro sorrir, sem aquele sentimento egoísta de quem vai me fazer sorrir.

Porque felicidade não é um fim que devemos alcançar. Felicidade é estado de espírito, é escolha diária. Ser feliz é uma escolha e só assim conseguimos fazer um pouco mais em tudo que está ao nosso redor.

 

O ciúme. O ciúme?

Como é difícil digitar isso. Tenho ciúme dos meus filhos.

Não tenho ciúme dos amigos queridos e padrinhos abençoados que os amam demais e estão sempre conquistando-os. Não tenho ciúme do estranho que brinca com eles na rua. Também não tenho ciúme do meu marido brincalhão que os conquista só de abrir a porta.

Mas eu tenho. Só não tenho certeza se é ciúmes mesmo.

É um sentimento de posse, de proteção, como se eu quisesse afastá-los daqueles que os querem para si. Eu tenho ciúmes daqueles que, sutilmente, tentam manipulá-los, tentam fazer com que minhas crianças sejam deles.

Os filhos, as crianças não são nossas. E nem de ninguém. Elas são passarinhos no ninho, esperando para se jogar do alto. Me irrito com quem acha que filho é posse. É o espelho, porque, às vezes, quero-os só para mim, só meus, só minha educação, só meus valores. Um paradoxo difícil de manejar…

Ciúme? Posse? Proteção? Exagero?

Atualizações (desnecessárias) de minha nova vida mineira

– A capital mineira é linda;

– Os mineiros são, de modo geral, muito educados, gentis e solícitos;

– Viver em um hotel, ainda que seja daqueles que tem cozinha e sala, ainda que seja temporariamente, é algo que pode ser cansativo e engordante – tô morrendo de saudades do meu ateliê, da minha máquina de costura;

– Viver em um hotel e querer lavar louça, esfregar meia e organizar as coisas ao redor transformou-se em uma pergunta sem resposta;

– Não estou com saudades de cozinhar todos os dias (espertinha eu, né?!);

– As crianças estão adorando a vida por aqui. Por enquanto, nem sentiram a mudança – acho só que estão um pouco cansados um do outro, mas, até aí, acho normal, já que irmãos são irmãos, né…

– Olhar dezenas de apartamentos pela internet, ligar em dezenas de imobiliárias, visitar dezenas de apartamentos. Ainda não sei se isso é legal (procurar sua casa é sensacional), se é cansativo, se era para eu escolher em uma semana, se devo ser paciente e esperar por algo que eu ache incrível, maravilhoso…

– Quando tem jogo do Atlético, a cidade fica muda e parada como em jogo da copa. Só que quando o Galo faz gol, me sinto dentro do estádio, toda a cidade grita, todos cantam o hino em coro. Sério. Entendi porque meu marido é atleticano fanático;

– É difícil montar um mapa mental de uma cidade em que vc nunca esteve antes;

– A melhor coisa que pude fazer para lidar com a mudança – já que eu gostava muito do Rio – foi não criar expectativas. Não criei e me surpreendi para o bem. Que sotaque gostoso, que cidade linda, que povo apaixonante!

Imagem do Site cidadedebh.com

Mudanças, medos e humor

Toda vez que há uma mudança muito grande em minha vida, eu “piro” que vou morrer logo.

Quando fui passar 3 meses na Tailândia, tinha certeza absoluta de que o avião iria cair. Sozinha no avião, eu chorava tanto, abraçada a uma vaca de pelúcia, que o brasileiro ao lado se comoveu e começou a conversar comigo para eu me acalmar. (Coincidência ou acaso, exatos 3 meses depois, sem ter trocado telefone ou algo assim, encontrei o mesmo brasileiro não só no mesmo voo como sentado ao meu lado. Sabendo do meu medo, ele brincou comigo ao pousarmos em São Paulo, dizendo que não estávamos no Brasil e, sim, em Buenos Aires.)

Em cada um dos nascimentos dos meus filhos, tive muito medo de morrer no parto. No do meu mais velho, fiquei mais nervosa, já que a maternidade ainda era completamente desconhecida para mim.

Depois, quando me mudei para o Rio, ainda ingênua quanto à realidade carioca, achando que tiroteios e violência aconteciam em todos os pontos da cidade maravilhosa, tinha a certeza de que morreria com uma bala perdida. Só Deus e os passantes na rua sabem a minha cara absurda de medo e susto, assim como uma ratinha, andando por aqui nos primeiros dias.

Agora, chegou outra mudança. Acompanhada de um tratamento médico e medicamentoso, acho que tenho lidado melhor dessa vez. Tenho usado algumas estratégias que têm funcionado – não fico pensando no dia da mudança, faço o que tem que ser feito no dia, sem ficar elaborando demais, sempre objetiva e dando um passo de cada vez. Mas ainda não estou curada, se é que há cura mesmo para essa síndrome. E aí que, agora, meu surto diz que vou morrer no caminho para as terras mineiras. Pensando racionalmente, sei que é um absurdo. Ainda mais depois de tomar consciência do meu histórico de loucuras anteriores.

Quando o medo vem, quando a barriga gela, respiro fundo e desvio o pensamento. Ou torno racional o que é emocional. Se nada der certo, faço uma oração e peço a Deus que Ele me dê mais tempo por aqui, para que eu possa curtir mais meus filhos! 😉 É preciso aprender a lidar com humor até em situações como essa. Já que, na verdade, o medo da morte é somente um medo do desconhecido…

Dramas de uma mãe sem os filhos

Eu sei que os pequenos irem antes vai ser importante. Eu sei que tenho que aproveitar esta semana sozinha. Mas, mesmo assim, não deixa de doer, eu não deixo de chorar, eu não deixo de ter aquele medo absurdo de nunca mais vê-los. É só uma pequena crise de pânico, é só um drama pequeno. Ainda assim, como dói pensar que vou ficar longe deles.

O nosso (não) poder de decisão

(ou A torre mais alta)

Estou revoltada com as grandes corporações. Sério. Muito sério mesmo.

Outro dia, assistindo ao (maravilhoso) vídeo “Muito além do peso“, vi um publicitário americano dizer que, desde sempre, quem tinha as torres mais altas eram os que mandavam no resto da população – a igreja, os reis, os governos. Hoje, são as grandes corporações que possuem os maiores prédios. A realidade parece ser tão distante do nosso dia-a-dia – mas, a cada dia que passo, percebo o quanto estes fdp senhores conseguem determinar boa parte da nossa vida. Pensem um pouco comigo e, depois, me digam se estou exagerando.

Será que realmente temos algum poder em nossas escolhas?

  • Quando fiquei grávida, decidi ter parto normal, assim como outras várias mulheres. Quantas conseguiram? Quantas não foram manipuladas, empurradas, forçadas a tomar uma decisão contrária à sua por causa da conduta (infeliz) do médico, ou do plano de saúde, ou de uma cultura estúpida que parece difundir que uma cirurgia é melhor que o natural?

Eu não consegui. Cai na conversa fiada do médico. Tem mãe tendo que burlar o plano de saúde para conseguir ter um parto normal sem ter que pagar a mais por isso… (olhem essa notícia aqui)

Algumas mães não sabem que o aumento dessa cirurgia está ligada diretamente ao aumento de internações de recém-nascidos com problemas respiratórios em UTIs. E as que sabem e, ainda assim, preferem colocar seus filhos em risco? Pensam que é uma questão de escolha pessoal, quando, na verdade, é uma questão financeira, mercadológica, bem conduzida pelos principais interessados.  (essa notícia aqui pode esclarecer um pouco mais)

  • Passado o parto normal, nos deparamos com médicos pediatras sendo PATROCINADOS por uma indústria de alimentos. E aí, crentes na conduta desses profissionais, muitas mães deixam de amamentar para oferecerem leite industrializado, mucilon e outros pozinhos que a tal empresa produz. Porque o médico prescreveu. Sério? Sério mesmo que os pediatras deixaram a medicina de lado, com centenas de pesquisas sobre alimentação infantil, para renderem-se a uma indústria alimentícia? Essa nota aqui publicada no Facebook mostra um Congresso patrocinado pela Nestlé – que, por sinal, aconteceu perto de casa e tinha o símbolo da empresa bem grande estampando a entrada.

Mais uma vez, caímos na questão da escolha. “Eu não quero amamentar”, “a criança ficou com vontade”, “o médico recomendou”. Mais uma vez, a impressão de que a escolha foi nossa. Foi mesmo? Porque ninguém está discutindo a questão de ser uma mãe melhor, ninguém é “menos mãe” por certas escolhas. Mas, convenhamos, precisamos repensar se realmente algumas escolhas foram realmente nossas.

  • Seu filho não precisa mais só de leite, agora, ele precisa de comida. E vamos nós de novo… comida em potes, sucos com soda cáustica, biscoitos repletos de açúcar, preparados lácteos, leites cheios de sódio, toda comida industrializada, desconhecida, chegando ao nosso lar. Vamos combinar que, atualmente, é bem difícil não ter nenhum produto desses na despensa de casa, não é? Será que quem produz esses alimentos está realmente preocupado com a saúde de quem o consome?

Eu não sou a santa, nem a mãe perfeita e todos esses alimentos tem ou já tiveram seus lugares aqui em casa. Sou um pouco rígida com alimentação, mas, mesmo assim, depois do vídeo, eu aboli vários por aqui. Mais uma vez, a questão de quem manda. Sempre me achei “a correta da alimentação”. Sempre tive certeza de que, ainda que não fosse radical, sempre fizera escolhas mais saudáveis para nossa família. Tenho me sentido enganada, usada, mera palhaça na mão de um acionista rico com apartamento de frente para o Central Park.

  • Minha filha teve febre. No 3o dia, eu a levei a um hospital credenciado ao meu convênio médico. Hospital de ponta e blá, blá, blá. À tarde, o hospital estava muito lotado, fui embora do mesmo jeito que entrei. Levei-a novamente à noite. Ela chegou lá com 39,8° de febre. Passou pela triagem. 2 horas depois, ainda não tinha sido vista por nenhum médico e descobri que uma mãe estava a 5 horas esperando ser atendida. Fui embora mais uma vez. Ontem, no 4° dia de febre, voltei ao hospital. Cheguei 4 horas da tarde, fui atendida às 8 h da noite, saí de lá às 9h, com o diagnóstico de uma pneumonia atípica. Eu estava furiosa. Não só eu, como todos os outros pais que ali esperavam. Rolou até barraco com os seguranças.

O plano de saúde não é um plano barato. A empresa onde marido trabalha oferece aqueles planos excelentes, do tipo que a gente se sente confiante no caso de precisarmos. Só que quando chega a hora, a coisa pega. Não dá para responsabilizar os médicos ou outros funcionários do hospital pela superlotação. Mas, dá, sim, pra xingar e ficar furiosa com os responsáveis por gerenciar um hospital deste porte e não oferecer serviço de qualidade. O dinheiro, aqui ou lá no SUS, não faz a menor diferença, porque, quando a doença chega e não há nada que você possa fazer além de esperar do hospital onde está, tanto faz se o seu plano é mais caro do planeta ou se você está no postinho de saúde do bairro. O dinheiro faz diferença para aqueles que estão dirigindo, decidindo como será a qualidade da nossa saúde.

Por fim, obrigada pela paciência de lerem até aqui. Em todos esses pontos, há altos executivos, pessoas FDP  infelizes, que ganham muito, muito dinheiro às nossas custas. Para eles, pouco importa se estão nos matando, se nossos filhos ficam doentes, se são bem tratados ou não. Importa o quanto as ações de suas empresas estão valendo, importa o quanto o plano de saúde, o hospital, os diretores vão ganhar no fim do mês.

Existe, amigos, algum meio de sairmos deste ciclone? Existe alguma solução para isso? Porque, por mais que façamos, me sinto em uma roda em que sempre há algo para me surpreender e me derrubar.

(P.S.: E também me pergunto quantas mães continuarão vivendo suas escolhas como se fossem suas, ignorando todo o mal que podem estar fazendo para si e para os próprios filhos. Quantas pessoas continuarão vivendo como se nada disso estivesse acontecendo?)

Mudanças, insônia e a saudade de escrever mais

Vamos mudar. Mais uma vez. De cidade, de estado. Ainda não é de país. Em um mês, deixaremos a cidade maravilhosa.

Tenho tido insônia. Nem sei se é insônia mesmo. Acho que é mais falta de vontade de dormir. Sabe? Quando você até sente que precisa deitar, mas sua cabeça não para e a cama não está tão convidativa? Provavelmente, é por causa da mudança.

Cidade nova, totalmente desconhecida para mim, apesar das várias ótimas recomendações que tive. Encaixotar, procurar casa, achar escola, fazer novas amizades. Tudo com um frio na barriga gostoso, mas bem mais preguiçoso do que quando tinha dez anos e dois filhos a menos…

A nossa Maria

A nossa Maria

Eu tenho tido ideias para posts dia sim, dia não. Mas não tenho conseguido chegar a essa página da minha internet. Primeiro, porque, agora, estou em um projeto – que amo muito: a Dona Maria das Artes. Eu e uma amiga juntamos nossos dotes artesanais e agora fazemos muitas coisas em tecido, mas, principalmente, bonecas de pano. Bonecas de dia, bonecas de noite. Pernas de bonecas, vestidos de bonecas, cabelos de bonecas. Dia e noite. É apaixonante. E aí, eu acabo dedicando parte do meu dia a filhos/casa/marido e a outra parte, às bonecas. É sério, elas são fofas demais. Você pode nos encontrar aqui, na nossa loja do Elo7, ou aqui, na nossa fan page do Facebook.

E entre bonecas, filhos, casa, mudança, pouco escrevo. Quero escrever sobre tudo o que tenho descoberto sobre alimentação industrializada e o que tenho feito sobre isso. Quero escrever mais sobre esse machismo baixo e sem vergonha, disfarçado de “tudo pode no casamento”. Quero escrever sobre a minha pequena estar doente ou o meu moço já estar lendo. Quero escrever sobre as impressões que o Rio de Janeiro me deixou. Mas, não escrevo. Ao menos, eu podia aproveitar melhor a minha insônia.

Por que mesmo eu passei a escrever tão pouco se isso é uma das coisas que me mantém sã?

Tagarelices e o silêncio

Quando eu era pequena, minha mãe dizia que meus filhos demorariam a falar, porque eu não daria tempo a eles para isso. Imagina o quanto eu tagarelava…

Realmente, sempre fui tagarela, de falar pelos cotovelos. Mas não sei se foi a idade, a vida, os hormônios, os filhos. Fato é que aprendi a ficar mais em silêncio.

A praga da minha mãe, graça ao bom lord, não pegou (\o/). Na verdade, algo curiosamente contrário aconteceu. Não sou uma mãe que passa o tempo todo falando com os filhos. Sabe, aquelas que não dão sossego nem um minuto à criança? Então, não sou assim. Como boa mãe, o que sentia em relação a isso, adivinha?!, era culpa. “Poxa, que tipo de mãe eu sou que, ao dirigir – por exemplo -, não fico conversando com meus filhos?”

Daí que, ontem, enquanto levava as crianças para a escola, mergulhados todos naquele silêncio, me dei conta de que eu realmente não preciso me sentir culpada por isso. Gente, olha o que estou ensinando a eles – o poder de, às vezes, ficar em silêncio! E se isso pode parecer estranho, às vezes, acho que o que tem faltado mesmo nesse mundo tão moderno, tão movimentado, é um pouco de quietude. Um pouco de oportunidade de ficarmos conosco mesmo.

Da nossa loucura aparente (ou não)

Daí que, como eu já falei diversas vezes, não me sinto muito normal. Me sinto bem diferente, pra falar a verdade. Só que, falando a verdade mesmo, se você me vir na rua, vai me achar a pessoa mais normal do planeta. (Pausa: desde que me mudei para o Rio, notei algo bem estranho. Algumas pessoas costumam me olhar de um modo esquisito, sabe, apertando os olhinhos, como se estivessem reconhecendo alguém? Daí que, outro dia, entrei no metrô e um grupo de jovens começou a falar coisas do tipo “olha, é ela”, “não é a fulana?” e, quando me aproximei, deram muita risada e falaram qualquer coisa do tipo que tinham se confundido. Então, talvez eu pareça normal, mas tive uma fase em que estava parecendo a Carminha na versão pobre, da Avenida Brasil, no último capítulo da novela…)

Passei anos fazendo terapia, tentando me entender, tentando decifrar essa avalanche que me considero. Aí, fiquei doente pra caramba, larguei o emprego, desisti de ser professora, sarei, quis virar mãe em tempo integral (e ganhei o status de dona-de-casa junto). Passei a me sentir bem melhor em muitas coisas. Mas, não. Acho que acabei me tornando mais consciente das minhas dificuldades, dos meus surtos. E comecei a procurar entender o que é isso tudo dentro de mim.

Quando conheci melhor meu marido, comecei a achar que ele tinha déficit de atenção. Durante anos e anos, falava para ele ir ao médico procurar ajuda, porque não era possível alguém como ele. Daí que, alguns meses atrás, caiu em minhas mãos um livro que trata do Déficit de Atenção em Adultos. Lá, a doutora Ana Beatriz apresenta um questionário para ajudar no diagnóstico, ou na procura de um profissional. Como quem não quer nada, sentei ao lado do bem e lhe propus que respondêssemos juntos – quem sabe assim ele não se anima e procura logo uma ajuda, sonhei alto…

A autora diz que das 50 questões, a partir de 35 positivas, pode indicar o DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Qual não foi a minha surpresa ao perceber que eu tive muito mais afirmativas que meu marido! 34. Como assim? Lá fui eu devorar o livro e me identificar com cada linha escrita. Como não tinha certeza da eficiência do livro, pesquisei em diversos lugares sobre o tal DDA. Onde quer que eu lesse sobre isso, eu me identificava. Como eu já havia marcado uma consulta com uma médica psiquiatra para tratar da minha síndrome do pânico, esperei para falar também disso com ela.

Nesses últimos meses, junto com a médica e a terapeuta cognitiva que agora me acompanha, chegou-se à conclusão de que realmente apresento DDA, junto com um Transtorno de Ansiedade Generalizada. A boa notícia é que minha médica é absolutamente contra o tratamento medicamentoso de DDA. Para ela, isso não é um distúrbio e, sim, um modo diferente do cérebro funcionar, assim como ser canhoto. Já a minha ansiedade, por enquanto, tem sido tratada no remédio mesmo, fazer o quê…

Quando converso sobre isso, alguns amigos me perguntam qual é a diferença em saber que se é DDA. Para mim, toda. Passei anos culpando a separação dos meus pais, toda a minha história de vida para justificar meu modo de ser. Depois da terapia freudiana, já não tinha mais desculpas – a gente descasca a cebola e percebe que o problema é a gente mesmo. Mas, aí, é muito peso carregar para si tanta coisa. É um alívio descobrir que a sua loucura tem nome. Que nem você – nem seus pobres pais – tem culpa de ser assim. É só o meu cérebro que funciona de outro jeito.

Não pretendo usar isso como desculpa para minhas falhas – apesar de ser tentador, “olha, me desculpa, esqueci disso porque sou assim” hehehe. Mas, sabe, é ótimo perceber onde eu posso me cobrar e onde eu não posso. O que posso fazer para ajudar a manter o foco e onde não vai adiantar reza braba, remédio, dança do iê-lá-iê pra mudar o que sou.

Voltei assim. Morrendo de vontade de escrever há meses. Sem certeza de que vou escrever sempre, porque estou em projetos que quero muito que deem certo.  Com vontade de jogar conversa fora com as amigas no Buteco…

Tempo

É assim… um tempo.

Quem está acostumado a visitar o blog, deve ter percebido que não tenho postado nada nos últimos dias. Tudo bem que nunca fui de escrever diariamente por aqui. Mas tenho escrito bem menos e, nas últimas semanas, não escrevi nada.

Achei por bem dar alguma explicação. Ainda que eu não tenha milhares de seguidores, algumas centenas merecem uma certa explicação.

A questão é que eu estou passando por uma revolução interna. Não estou no meu inferno astral, nada de grandioso aconteceu. Simplesmente, aos poucos, percebi a quantidade de coisas que quero mudar. Cansei de mim. E isso não é um lamento, é simples constatação.

Não me lembro quando foi que eu me senti diferente pela primeira vez. Acho que desde que me entendo por gente. Não me sinto mais ou menos especial que ninguém, apenas diferente. Dos vários grupos que passei, sempre me identificava com partes, mas nunca com o todo. Não consigo me encaixar em extremos e o caminho do meio, apesar de me atrair, me parece tortuoso. Isso em todos os assuntos. Qualquer um mesmo. Da novela aos livros, da maquiagem aos pelos, dos filhos à vida solitária. Talvez todos nós sejamos assim, talvez, não.

O ponto é que eu percebi várias coisas no meu dia-a-dia que precisam ser mudadas. Eu preciso repensar meu modo de ser. E não é por querer me tornar mais parecido com alguém. É porque vejo no meu cotidiano como minhas atitudes, meu modo de significar a vida pode ser prejudicial algumas vezes para mim e para quem está ao meu redor. Não, eu não estou usando drogas; não, eu não sou uma psicopata.

Percebi como a minha desorganização mental, a intolerância, o excesso de braveza, a falta de vontade em tomar decisões, coisas desse tipo, me fazem mal. Cheguei à conclusão de que preciso me reorganizar internamente. Por isso, tenho participado menos do Facebook, não tenho entrado no Twitter e deixei de escrever. Quando a gente tá fazendo uma boa faxina dessas, é necessário um pouco de silêncio interno.

Espero sinceramente que entendam… e não me abandonem! Prometo que já, já, em breve, logo, logo, volto a escrever mais!!! Enquanto isso, vocês já sabem que estou apenas dando um tempo….