A torta de couve-flor e brócolis

Meu filho come bem. Come super bem, todo mundo o compara com o menino da propaganda do brócolis.

Sempre fui muito chata e severa com relação à comida. Com praticamente 4 anos, o moço nunca bebeu refrigerante – e fala “eca” quando alguém oferece -, não comeu brigadeiro em sua festa de um ano e só foi experimentar chocolate perto dos dois. Sou do tipo que enche o prato de legumes, não troco refeições por lanches ou porções de batata onde quer que estejamos. Sou do tipo general que acha “tem que comer o que estiver no prato, custe o que custar, demore o tempo que for, mesmo que estejamos tomando chá com a rainha Elizabeth”… Quando ele não quer comer, levo-o a outro ambiente e digo que o que tem para comer é aquilo, quando voltarmos à mesa, ele terá que acabar o seu pratinho, que ele tem o direito de chorar enquanto eu conto até dez. Depois é “mesa e comer tudo”.

Tá, eu sei, eu exagero. Mas acho que fiz certo porque ele come bem até hoje.

Daí que eu ando em uma fase de buscar receitas novas para termos comidas gostosas todos os dias. Na semana passada, encontrei uma receita de couve-flor com brócolis ao forno que me pareceu deliciosa. Além disso, quis inovar ainda mais e coloquei essa receita em uma massa de torta.

No sábado, meu marido não estava em casa na hora do almoço. Apesar de achar que havia algo de estranho – eu tava com muita fome -, devorei a torta . Cauê olhou beeeeem torto. Ele não é fã de salgadinhos, tortas, lasanhas. Mas se tá no prato, tem que comer. Uma hora e meia depois, conversa daqui, chora dali, o prato ficou vazio, a barriga cheia, todo mundo feliz.

No domingo, ao contrário do usual, sentamos à mesa os três para comer os “restodontê”: uma lasanha e a “deliciosa” torta. Meu marido olho tooorto também. O cheiro não tava legal – não era de estragado, mas brócolis e couve-flor não são coisas que tem um cheiro divino sempre, né? Eu pus no prato de todo mundo e começamos a comer. Quando o maridão colocou a torta na boca… fez aquela cara de “puta-que-pariu, que merda é essa?”. Em inglês, eu disse a ele, rindo, que parecia comida de cadeia. Ele comeu tudo, como não tinha mais nada para comer, tentou comer mais um pedaço: resultado, cuspiu fora e começou a tirar o que tinha do prato do filho.

Para tudo, agora.

“Como assim, vc tira do prato do menino????????” Fiquei furiosa, baixou a pomba em mim, comecei a falar, falar, falar.

Tudo bem que a comida não estava das mais saborosas, tudo bem que realmente eu errei no prato, mas o menino havia comido no dia anterior, era o que tinha para comer naquele dia e eu já tinha posto no prato. Sabe, tenho aquela nóia de autoridade não se tira – pode-se questionar em momento/lugar diferente – mas NUNCA se tira.

Por fim, a torta resultou em uma briga enorme sobre autoridade, eu perdi a paciência e mandei que fizessem qualquer coisa e saí. E o Cauê? O Cauê, coitado, comeu mesmo a torta de cadeia… e sem chorar, acho que tamanho o susto em ver uma briga imensa por algo tão pequeno.